terça-feira, 12 de julho de 2011

Quando olhei minha vida através de um óculos, levei um susto. Do outro lado, uma mulher me observava através das mesmas lentes.

 Hoje é um daqueles dias que prefiro não abrir a janela. Meus atos são hoje, segundo a conduta dos outros. E, como Sofia, preciso de óculos e quem sabe, ver se o mundo muda através de outras lentes.
Aquela insistente pergunta acompanhada de uma resposta alheia bate a porta do meu próprio discernimento. Quem sou é modelado pelo que as pessoas vêem em mim. Quem sou? Sou o que precisar, irmã mais velha, filha revoltada, cantora de chuveiro, esposa meio Amélia, faxineira se faltar.
Um final de semana incrível pode ser esquecido, diminuído até que se transforme num resquício de lembrança boa, em prol dos que querem que hoje eu seja a “faz tudo”, a experiente e confidente, a possessa ou drogada, a boemia amanhecida, a ajudante de serviços gerais.
Parece um disco arranhado esta realidade. Temo que já tenha tido esta sensação antes, quem sabe mais de uma vez. De fato vi. Passo metade do meu tempo pensando que sou um rato, roendo deste queijo farto que é esta realidade programada. A outra metade gasto tentando provar a mim mesma que tiro um teco somente do que tem sabor ao meu paladar.
Porque teimam em me justificar, me oferecem tarefas que insisto: Não sou eu, não tem nada a ver comigo! Acreditam que me conhecem e é justo e fico entre lá e cá, suas verdades tornam-se quem sou e, como quem acometido por ser conhecido, padeço do mal de ver a vida que vivo através das lentes dos óculos de Sofia.





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