quarta-feira, 30 de março de 2011

Para parceiros reais e leais: Sobre amor e tempo.

E tudo se perde.
A sensação é exatamente esta. E quando passa, depois daquele estardalhaço total, a gente pode humanizar as palavras e os pensamentos, divagando pelo - e sobre – o tempo.
Quantos discos tocamos, quantas músicas escutamos em vão. Não, em vão não.
E de repente fica claro que as brigas, as tormentas, a falta de dinheiro e a corrida por ele – e passar sem tal – tudo isso, que vez em quando nos apavora, tenta nos afastar e nos coloca em tentação, tudo isso vida, é vida. E eu nem vou falar que sofrer faz crescer, porque no final isto não é nem coincidência, acaso ou destino. É opcional.
Num certo universo paralelo – sem entrar na questão de existência – pode haver um tal casal que tenha dinheiro e a estabilidade que ele proporciona, pode ser que seus negócios estejam muito bons, independentes de crise, de mundo, de eleição. E que planejamento familiar seja só um termo que enfeita o dicionário particular deles, porque podem ter quando e quantos filhos quiserem e ainda assim, terão apenas um que é para não atrapalhar as noites de festas, o pôquer e é claro não os deixa fugir de serem mais ou menos normais.
E estamos nós, no lado de cá deste universo, verdadeiros para os nossos sentidos. Estamos juntos e eu não trocaria essa nossa história que teve a sorte de se encontrar nesse mundo tão velho de tantos séculos.
Sei lá, se esse tal casal, uma projeção do que seríamos sem ter de conquistar, ficaria junto, como nós.
Que sorte a nossa hein..



Com carinho e respeito para todos os casais que contemplam desta sorte.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Contador de Histórias

Dia 20 de março, foi o dia do Contador de Histórias.
Acho que me emocionei assistindo ao filme Mens@gem para você (Hanks e Ryan) onde a personagem de Meg é entre outras coisas, contadora de histórias e lembrei da data comemorativa desse ser que dá voz e tom ao conto.
 Daí, não sei se aos quase 30 começo a encarar como algo mais real a maternidade, lembrei de uma história que li em minha infancia algumas 500 vezes, e gostaria de contar para meus filhos, quem sabe: A menina e a pantera Negra de Rubens Alves.
Eu Tinha o livro e adorava todas as ilustrações. A impressão quando abria suas páginas era de que eu fosse a própria Alice no país das maravilhas porq aquela edição que tive, realmente fascinava qualquer criança.. coisa que já não sou mais, mas vale a pena compartilhar aqui com quem já é pai ou mãe, quem ainda não é, e todos que lembram com carinho de qualquer livro da época em que era criança.

Abaixo link para quem quiser ler com ilustrações.

http://books.google.com.br/books?id=gDYXG2_lSEUC&printsec=frontcover&dq=a+menina+e+a+pantera+negra&hl=pt-BR&ei=GtqMTd_3Fqa10QHPrIS7Cw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CC4Q6AEwAA#v=onepage&q&f=false

A net não favorece a obra, mas quem se interessar, vale a pena conferir em sites de vendas de livro de sua preferencia. Achei disponível em alguns deles..

Resumo da obra:




A menina e a pantera negra
(Rubem Alves)
A menina abriu a janela (seu nome era Bianca) e ela estava lá, deitada à sombra da figueira secular: uma pantera negra. Quieta, absolutamente tranqüila, pêlo reluzente.
Apenas a cauda se mexia ritmicamente.
Seus olhos, profundos e terríveis, olharam a menina. E foi então que o felino a chamou pelo nome: Bianca...
Havia quase ternura em sua voz, mas a menina, aterrorizada, fugiu. Não tanto por medo da pantera, mas por medo do seu chamado. Bianca... Era como se ela já a conhecesse
de longa data e estivesse voltando para um reencontro.
A menina correu para o pai. Para quem mais correria, num momento como esse?
- Papai, eu vi uma pantera negra. Deitada debaixo da figueira. E me chamou pelo nome...
- Havia muito medo em sua voz. Seu pai não se assustou. Sabia que as panteras negras não
aparecem assim, no quintal das casas. Panteras são animais que vivem longe, muito longe,
nas matas.
- Acho que você teve um pesadelo, minha filha. Não há panteras negras por aqui. Sonho
ruim na hora de acordar...
- Não, não – disse ela. Sei que não foi. Por favor, venha! – e puxou o pai pela mão.
Ele a acompanhou até a janela do quarto, para tranqüilizá-la. E, de fato, nada havia sob a
figueira. Estava como sempre...
- Eu não lhe disse? Não há panteras por aqui – Sua voz era sábia e tranqüila.
Tudo voltou ao normal. Bianca acreditou que tudo não passara de uma visão. Algumas
pessoas vêem santos dos céus, e são beatificadas. Outras vêem feras selvagens das florestas
e são aterrorizadas. Mas ela não conseguiu esquecer a forma como a chamara: Bianca...
No dia seguinte, já se esquecera de tudo. E, como sempre, abriu a janela que dava para a
figueira. E lá estava de novo.
- Bianca... – repetiu, desta vez com um pouco mais de força. A menina correu para o pai.
- Venha, venha depressa...
Desta vez, ela não fugiu. Ficou lá, tranqüilamente. O pai correu para o seu rifle, mirou a
pantera e atirou. Mas nada aconteceu...
A pantera levantou-se, sem pressa, e retirou-se vagarosamente, movimentando a cauda.
- Faremos tudo para espantar esse animal que está assustando minha filha. E assim
penduraram nas árvores e cercas guizos, sinos e latas, pois animais da selva se assustam
com ruídos diferentes. Acenderam fogueiras ao redor da casa, pois eles temem o fogo. E
encheram o quintal de pessoas, já que eles fogem dos homens (por horror ao cheiro
doméstico). Era uma complexa rede de defesas, montada para afugentar a pantera que
assustara a criança com seu chamado. – Bianca... – A pantera desapareceu. Não mais
aparecia sob a figueira, pelas manhãs. Durante todo o dia, era como se não existisse. Mas
logo que caía a noite os seus rugidos começavam a ser ouvidos, e ora pareciam ferozes, ora
tristes, como se lamentassem algo. Por vezes ouviam-se ruídos nas portas, patas
arranhando, e pela manhã sinais de garras podiam ser vistos na madeira.
Se algo assim acontecia durante a noite, e o pai de rifle em punho abria a porta, pronto para
atirar e matar, não se via coisa alguma. Lá fora tudo estava tranqüilo, as sombras das
árvores, o ruído do vento. Depois de muito tempo, convenceram-se de que a pantera negra
deveria ser um ser mágico, que nenhuma bala poderia matar e nenhuma armadilha prender.
Acontece que por ali havia um sábio (muitos o consideravam feiticeiro), conhecedor das
coisas misteriosas do dia e da noite, da vida e da morte. E resolveram consultá-lo.
- Entendo o seu medo – disse ele a Bianca – Tudo o que se desconhece é terrível. E de
forma especial a pantera negra. Por um lado, é tão linda e segura de si, pêlo macio e
brilhante, que seria bom agradar. Mas é também coisa selvagem, que ataca de repente, filha
da noite, carregando a morte nos dentes e garras.
- Que devemos fazer para nos livrar dela? – perguntou o pai de Bianca, ansioso por uma
receita.
- Nada – respondeu o sábio. As panteras só conseguem falar quando estão amando. Ela está
amando você, Bianca. E não a abandonará por nada neste mundo. Ela a escolheu. Agora é
sua.
- Mas não a quero – disse a menina em desespero. Que é que posso fazer com uma pantera?
Desejo mesmo é me livrar dela.
- Isto é impossível, respondeu o feiticeiro. Você só tem duas alternativas: ou a deixa de
fora, e ela continuará a assombrar o seu sono durante a noite, ou você deixa que ela entre, e
ela se tornará sua amiga...
- Mas como posso fazer isso? – perguntou Bianca.
- É simples. As panteras selvagens são domadas quando aprendemos a dizer seu nome.
Descubra o seu nome e chame-o durante a noite. Ela virá...
- Mas como descobrir o nome da pantera? –perguntou Bianca.
- Isto eu não sei – respondeu o sábio. Você terá de descobrir por conta própria...
Com estas palavras, deu por encerrada a conversa. Bianca e seu pai voltaram perplexos para
casa. Parecia coisa impossível e louca a tarefa que o sábio lhes dera: descobrir o nome da
pantera. Consultaram domadores de animais, escreveram para jardins zoológicos,
examinaram livros especializados, colecionaram dezenas de nomes. Tudo em vão. A
pantera não atendia.
- É porque nenhum destes é o nome da pantera – disse-lhes o sábio, numa outra ocasião.
São os nomes que os homens lhe deram. É preciso aprender o nome dela, que mora no seu
corpo...
Naquela noite Bianca sonhou. A pantera estava lá, debaixo da figueira. Olhava para
a menina e lhe dizia:
- Meu nome é o inverso do seu... E desapareceu.
Esta, pelo menos, era uma pista: o inverso do nome de Bianca. Brincou de inverter
as letras, para ver se significavam algo. Leu o seu nome refletido no espelho. Investigou as
razões pelas quais lhe haviam dado este nome.
- É porque você, ao nascer, era branca, muito branca, como a Branca de Neve. E
assim, a batizamos de Bianca.
Mas tudo era inútil. O enigma continuava.
- Meu nome é o inverso do seu...
Aconteceu, entretanto, que houve uma noite em que Bianca e seu pai olhavam velhos
retratos. Em um envelope estavam os negativos. Bianca tomou um deles e observou contra
a luz. Era ela, não havia dúvidas.
- Que gozado, papai – disse ela. No negativo meu rosto está preto. É o inverso...
Subitamente ela parou, olhando no vazio, como se houvesse viso algo inesperado. E gritou:
- É isto, o inverso... O negativo é o inverso. O inverso do meu nome – Bianca, branca, é
negro. O nome da pantera deve ser Negra, o meu lado noturno. Não é assim? Luz e
escuridão, dia e noite, Bianca e Negra...
Exultante, num misto de alegria e medo correu para a porta, abriu-a para as sombras das
árvores e o ruído do vento e disse:
- Negra, Negra...
Ouviu-se um leve barulho nas folhas do jardim e a pantera Negra se aproximou, tranqüila
como sempre. Lambeu as mãos da menina e deitou aos seus pés. E quando Bianca acariciou
o pêlo negro da pantera adormecida sentiu uma enorme sensação de felicidade. Nunca mais
teria medo. Quem tem a pantera Negra como amiga não precisa temer mais nada.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Persuasão

Jane Austen escreveu o romance Persuasion por volta de 1816.
A adaptação para o cinema é de 2007.

Abaixo link para assistir online.

Um bom filme a todos! Estou com inveja de quem assistirá pela primeira vez.












quarta-feira, 23 de março de 2011

Quando eu caí de amores por Jane Austen


Esta mulher pode ter uma resposta para qualquer pergunta que tenha sido feita nos últimos dois séulos ou alguma que ainda não tenha sido pronunciada.
Penso assim quando após meus mais profundos e íntimos devaneios, de um espírito inquieto que carrego em mim, ouso questionar minha participação em minha própria vida, quando quase me convencem de que outros devem ter mais influência sobre ela.
Desejo não ser feminista, com toda a permissão daquelas primeiras guerreiras que influenciaram nosso direito ao voto, a maternidade, ao orgasmo.
Desejo ser Jane Austen, não a própria obviamente, mas o estilo e o pensamento que este nome traz consigo.
Ainda quero ser Josi, mais do que nunca após te-la conhecido.




"devo ater-me a meu próprio estilo e seguir meu próprio
caminho. E apesar de eu poder nunca mais ter sucesso deste modo, estou convencida de que falharia totalmente de
qualquer outro".
Jane Austen

segunda-feira, 14 de março de 2011

Estive pensando sobre meninas e meninos e algo em torno dos trinta anos e encontrei isto aí... compartilhando um texto bom:

"Diz o mestre:

A lenda pessoal não é tão simples quanto parece. Pelo contrário, pode ser uma atividade perigosa. Quando queremos algo, colocamos em marcha energias poderosas, e já não podemos esconder de nós mesmos o verdadeiro sentido de nossa vida.
Quando queremos algo, fazemos uma escolha do preço a pagar.
Seguir um sonho tem um preço. Pode exigir que abandonemos velhos hábitos, pode nos fazer passar dificuldades, ter decepções etc.
Mas, por mais alto que seja este preço, nunca é tão alto como o que é pago por quem não viveu sua lenda pessoal. Porque um dia vão olhar para trás, ver tudo o que fizeram, e escutar o próprio coração dizer: "Desperdicei minha vida."
Acreditem, esta é uma das piores frases que alguém pode ouvir".

                                                           Maktub - P. Coelho

sábado, 12 de março de 2011

Quando o mar fugiu para a cidade.


Era criança quando comecei a ouvir as músicas que meu pai ouvia.
Lembro-me, em especial neste momento, daquela que falava sobre o sertão virar mar.
Sempre pensei nela como um futuro que semeávamos inconscientes com toda a destruição das belas coisas naturais que constantemente causamos logo haja um primeiro contato com elas.
Mas o que dizer desta tragédia no Japão? O que falar para aquelas pessoas?
E quanto àquelas que não poderão mais ouvir?
Já teve a sensação de que uma chuva, ou uma tempestade parecessem um choro?
Eu não consigo pensar em nada de especial para escrever, e sempre que acontece algo destas proporções mundo afora, vejo como somos pequenos e frágeis.. os problemas cotidianos são tão tolos agora. Será que não rezei o suficiente? Me pego chamando Deus, carinhosamente por “papai do Céu”, por pensar que assim, quem sabe seguindo o que dizem sobre a relação entre ele e as crianças, o todo poderoso ouça.
Enquanto assistia a diversos vídeos na mídia, consegui observar em muitos, os pássaros voando sob a gigantesca onda que fez daquela cidade uma extensão de seu mar. Possivelmente, são momentos como estes que olhamos para o céu e desejamos ser aquele que outrora caçamos.
Humano demasiado humano. Será este sempre nosso último recurso? Lembrar de todo o significado que vem de humano, recorrer à fraqueza humana esquecida?
Tentei em vários momentos de introspecção sentir o que sentiram todos aqueles que estavam lá, naqueles carros mar afora onde antes era estrada.
Eu não tenho mais medo de que o sertão vire mar, já vimos isso acontecer. Naquela cidade do Japão ele virou. Meu medo é de que eu vá esquecendo cada vez mais quanto humana sou, que crie um Deus apenas quando eu precisar acreditar q sou pequeno demais, quando os prédios que eu construir nos sertões caírem, e eu precisar explicar com fé a natureza e a ausência de tantos outros humanos que estavam nalgum lugar.
Isto é uma prece? Uma oração?
 Infeliz e provavelmente uma constatação, explicação pra frágil humana que é minha condição nesta existência.
Ou por fim, quem sabe um agradecimento pela chuva serena que desde ontem cai por aqui.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Nascido em 4 de julho

Dia 19 de julho de 2006, peguei meu cachorro pra viver conosco. Na verdade, penso que ele me escolheu. Estava quase trazendo aquele mais feinho e fraquinho – que ninguém quer, mas precisa pra se lembrar de que é humano – quando peguei o Krypto no colo e ele encostou sua cabeça em meu ombro. Branco de cabo a rabo, quinze dias de vida, a cabeça duas vezes o tamanho do corpo.. um legitimo vira-lata. O único sobrevivente de sete filhotes. Os outros morreram afogados, a mãe deles tentava os proteger de todos aqueles que não podiam esperar alguns dias até a amamentação terminar, escondendo a todos num buraco.. Infelizmente veio a chuva e ninguém viu a tempo. É acho que estão todos esperando até agora, é...
Seu nome, Krypto, quem escolheu foi meu marido que adora HQs e o achou muito parecido com o cachorro do Superman.
Apesar do triste fim de seus irmãos, que poderia ter sido o dele também, foi o Krypto quem me salvou. A vida de cada ser humano é singular, única. Suas experiências entretanto, são muito parecidas, lembram a da casa ao lado, a da nossa casa.
Assisti a pessoas escolhendo armas, lutas fatais apenas com palavras.
E de repente, eu tinha algo importante para fazer, e fiz sem perceber, e descobri algumas coisas que a gente só pondera depois como, ainda posso amar, ainda sei cuidar e já não estou tão ferida assim.
Adorava acordar todas as noites pra alimenta-lo, ver todos os dias ele andar pela casa parecendo um desses cachorros decorativos que balançam a cabeça sem parar na traseira do carro.. coloca-lo no bolso do meu jaleco enquanto trabalhava, tirar fotos de cada movimento novo que ele fazia... lembro-me da primeira vez que fez xixi com a perna levantada rsrsrsrs, filho da p#t@@, ele faz isso em cada lugar.
Eu apenas pensei como seria bom dividir todas as suas graças, toda essa sua felicidade canina, quase humana, com toda a pureza que esta palavra me remete quando ironicamente me esqueço de que foi feita para classificar um ser chamado gente, pessoa, tanto faz.
Krypto é um daqueles bons – e raros amigos – que nos acompanha numa cerveja, enxuga nossas lagrimas – bem, ele as lambe – e está presente nos vídeos de família, muito mais que tantos parentes.
É aquele nosso amigo mais intimo, nosso irmão mais próximo. Ele não se importa com o que você faz, não enche o saco como aquelas “amigas” que só sabem falar sobre cabelo, vestido e sapato ou aquelas outras desesperadas com o fim de um namoro e te ligam pedindo que as apresentem aquele amigo de seu marido... aquele um que ganha muito bem.
Para ele não importa se sou o filho preferido, a irmã mais bacana, se brigo com caras embriagados e jogo coisas no carro deles..  não contabiliza isso como um “ato grandioso”.
Ele não quer saber com quantos transei, ou em que lugares, se participo de algum programa social, se concorro ou se ganhei alguma bolsa para a faculdade.
Para ele pouco importa se sou boa em informática, tanto quanto aquele um.. se minha memória é boa – bem, nunca experimentei esquecer a ração dele - ....
Eu sento em frente ao meu computador e uso apenas. Não preciso me preocupar com ele na minha orelha querendo saber qual o processador, quantos GB , que merda de Windows tá instalado e me explicar por que a droga - que eu comprei - tá travando.
Passar um momento com ele é sempre muito prazeroso e isso não faz dele meu amigo de foda..
Krypto é uma representação fabulosa da imagem daquela pessoa que você adoraria ter ao seu lado pra passar um momento em silencio, observando a vida, contemplando, fazendo parte dela sem ter de se preocupar com o porquê de tudo que escolhe ou deixa de escolher.
Uma vez me questionaram: sente-se assim porque ele não fala?
Eu não falo fluentemente nenhuma outra língua se não o português, mas sinais são universais. Ao menos penso assim. E daí, como quando quem tem boca vai a Roma, quem tem expressão vai também ou se preferir à praça fazer um coco.
Pra ele não tem almas, sótão, porão... nothing about haven in hell.. aqui e lá se resume a onde ele está – e de preferencia que você esteja junto – onde dará sua próxima mijada e cadê minha bolinha.
Fato incontestável – ou não -: Ele é um cachorro – ou não.
Fato imutável: Todos os dias antes de dormir – apesar de não ser religiosa – desejo a ele que São Francisco o proteja e lhe de uma boa noite.
Só desejo que ele saiba da importância de sua existência para nós.
E quando ele ficar velhinho tenha ótimas histórias e lembranças de nós três juntos. Mas falta muito tempo pra isso ainda.
Eu sei que as vezes – muitas – ele vai me deixar P com tanta bagunça, arte, e mordidas por aí e em mim..
Mas quer saber, ele dá o tom nas diferenças presentes em meus dias por aqui.
Agora me vem a mente aquela musica: "...E hoje nos lembramos, sem nenhuma tristeza dos foras que a vida nos deu, ela com certeza estava juntando você e eu".
Te amo tanto seu cachorro!


quarta-feira, 9 de março de 2011

Sentir ou fazer sentir.

Há muitos anos, um amigo me falava sobre a inveja:
 “As pessoas pensam na inveja como um sentimento ruim, daqueles que ninguém pode ter. Devemos pensar com mais dedicação e reflexão que a inveja é um sentimento que não devemos causar em alguém.”


Achei na frase abaixo o mesmo sentimento daquele amigo.


"Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível!"
Chico Xavier.

sábado, 5 de março de 2011

Dei no pé!

Ah Bruninha ainda bem que você canta assim, e fez uma música tão gostosa como esta.
Sei lá, vou fazer de conta que a canto para este feriado...
Como não dá pra empurrar com o pé este carnaval,
Vou dar no pe´, declarar este feriado massista e nacional meu "feriado pessoal".

sexta-feira, 4 de março de 2011

Ainda sobre andar

"Eis o caminho:
Se ficares a tua margem não terás preocupações nem correrás risco algum,
Se andares por ele, estarás andando pelo novo, e o novo pode surpreender até mesmo aquele que não paraste nunca em nenhum lugar"...

Esta paisagem, conheci andando muito! que o digam os companheiros de jornada. Rio Claro, SP.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Pecus

“O homem descobriu o carro, descobriu o avião, descobriu o foguete e, finalmente, ele descobriu o mais fantástico meio de locomoção que é o pé”.
Ele provavelmente não tem dado devido valor  a sua grande descoberta.  Com a maior parte da população vivendo em grandes centros urbanos, o simples ato de andar está sendo extinto de sua realidade. Normalmente a lembrança que temos de faze-lo está vinculada aquela cidade do interior que nossos avós nasceram e cresceram, e que visitamos vez ou outra em algum feriado.
É importante a redescoberta do andar. Quando andamos, entramos em comunhão com nossos sentimentos, com nossos desejos e com o mundo a nossa volta. No primeiro momento, ir a pé até a padaria, será como escovar os dentes com a mão que menos usamos.  Depois de algum tempo, não faze-lo será estranho. Um antigo professor meu, dizia que se as pessoas ouvissem mais Chico Buarque, o mundo seria um lugar melhor. Eu diria que seria interessante ouvir Chico Buarque no MP3 enquanto caminhamos.
Veja que, a palavra pecado vem de “pecus” que significa pé defeituoso, incapaz de percorrer um caminho. Não é difícil imaginar o porquê de expressões como “manter-se no caminho correto’ ou “cuidado com o caminho que irá escolher”.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Passagem

Que o sentimento do mundo corra em minhas veias e sopre em minh’alma
Que tudo que seja efêmero morra a cada dia,
E tudo que seja eterno eu leve pelo infinito... 
Que aquilo que é simples seja ao menos perfeito,
E que ao deparar-me com o que é complicado, este se desfaça, pois tenho apenas duas mãos para o que seja simples e toda vontade de sonhar para não pensar em complicações...
Que o amanhecer traga consigo a luz de um novo dia, e o entardecer a certeza de que vivo, pois onde há luz,há possibilidades e a riqueza da esperança de que eu faça o melhor...
Que o sentimento do mundo corra em minhas veias e sopre em minh’alma
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Da cor que eu mais gosto...

Já é tarde... não é noite, mas o dia já se foi. O céu tem agora minha cor preferida. O cinza como um impetuoso outono, invade a primavera... O mais lindo dos cinzas. De um lado o sol está se pondo e vejo camadas de vários laranjas, vermelhos e amarelos separados por listras  horizontais de  nuvens. Do outro lado atrás das casas próximas de minha janela, meu ponto de fuga é um horizonte que ainda consigo enxergar, o clima favorece e me traz um vento razoável forte que não me faz tremer de frio, tenho apenas pequenos arrepios passeando em meu corpo, aguçando os sentidos, minha visão, olfato, tato  estão como nunca... e ouço algo que perco a prática a cada dia, talvez por que não ouça há tempos: Silêncio...arrepios daqueles gostosos como um dia inteiro esperando o encontro com a paixão adolescente, momento este eternizado pela memória, mas que quando se está lá, o que mais se quer é crescer. Ao longe, pequenas fazendas da região há pouco tão verdes vivas, tornaram-se musgo e ao fundo arvores transmitem agora uma sombra mais escura, me faz querer estar lá, correr por ali. Percebo algumas poucas luzes insistindo em clarear o que ainda não é tão obscuro. Nuvens pesadas parecem apressadas em fugir para outro lugar,  mais acima tantas outras paradas como se esperassem algumas amigas desesperadas passarem por  elas, podendo então aproximarem da terra tomando o lugar entre o céu e eu. Perfeito! Melhor clima, melhores cores, melhores cheiros e ares e é aqui que me escondo: neste momento que se transforma em meu mundo e por alguns instantes eu não tenho nada para esquecer por que não tenho nenhuma lembrança. Inspiro o vento que me arrepia e penso: _ é o meu mundo,  meu momento e nele trago você comigo sempre!  -a  iluminação automática da rua acende- Como dura pouco!

A história de Amélia, de Maria...

O que é a separação?
Tantas gerações e a mesma indagação.
Como passar por isso?
Nossos pais, nossos ascendentes, alguns por sua vez, ratinhos de igreja, nos ensinam o quanto o casal deve se respeitar, o quanto cada um deve sacrificar com o sagrado matrimonio. Nenhum nos ensina, mesmo com suas próprias decepções e desilusões, como é viver sozinho após a experiência conjugal.
Sofrer é sacrificar-se. “até que a morte nos separe”. Ora, matem-se! Nada dá certo quando o assunto requer as duas opiniões
Eis que esta é a nossa herança: A resistência as nossas vontades. Porque perguntar-se se pode viver melhor? Fez tua escolha, leva tua “cruz”.
Em minha adolescência escolhi – e digo que escolhi porque todo adolescente tem uma causa -  como ponto de partida de minha revolta a seguinte questão: Se eu poderia conviver com mãe, as tias e tantas outras Amélias e Marias arrumando a mala para ir embora, começar outra vida longe do matrimonio, acho que ficou claro até aqui o que elas tentavam fazer, mas para que não haja dúvidas, deixando seus maridos para trás e tornar uma “página virada” o casamento, porque eu não poderia “me separar” das pessoas que eu não gostava, que eu não dividia de metade das opiniões, que eu não tinha – como colocam hoje nos registros de separação? – compatibilidade de gêneo.
Eu queria me separar de meu pai, juntei nos anos da puberdade todas as lembranças dolorosas das Marias que conheci, as fotos pornográficas que achara em sua mala, todos seus pequenos delitos suavizados pelo passar dos anos, e iria requerer meus direitos assim que fosse – segundo ele mesmo - petulante o suficiente. E fiz.
Hoje, mais de dez anos passados, e cá estou eu na sofreguidão - isso requer uma dramatização -  de fazer a mesma pergunta, aquela que muitos já se fizeram, e que inicia todo este meu desabafo, este “rasgo” de palavras.
Casada a vinte anos e poucos meses com um cara que namorei por Três, antes da primeira vez que terminamos e dois após. Desde a semana anterior do casamento tivemos sinais de que daria nisso. Para falar a verdade, as vezes me pego com lembrança dos quatro meses de namoro e aquela pressão no meu estomago. Ah´, hoje eu tenho gastrite, tendinite e quantos ites mais seja possível, se não morrer disso, morro com isso, eu acho. E agora, prestes a completar quarenta e cinco, sinto palpitações esquisitas no meu coração toda vez que fico nervosa. Parece um engasgo. Eu sei o que não desce.
Ele e eu fizemos uma espécie de pacto em nossos “anos bons”: nunca fazer daquele sim, um sim para o resto da vida. Tínhamos de dizer sim – com avaliação íntima do porque que o fazíamos – a cada dia de nossas vidas juntos.  Algumas brigas atrás e tudo parecia mais fácil. Hoje temos uma coleção delas a nos acompanhar, nos fazer sofrer, questionar o que já sabemos a resposta.
Esta é a segunda vez que anoto em minha agenda pessoal os cálculos financeiros de como é viver sozinha. Meu jeito de sofrer é diferente. Já me peguei tentando forçar uma lagrima para fazer entender que eu também sofria. Não sai, não desce uma. Enquanto escrevo
perguntas como “com qual de nós ficara o cachorro?” insistem em me dispersar da lógica, se é que há alguma nisso tudo.  Olho ao redor e vejo o vinho que gostamos de tomar, e pergunto porque ele ainda está fechado. Pode ser o calor, este verão está infernal. Estava na cama deitada, tentando pensar numa saída, em alguma solução e tive de levantar. Ao lado da cabeceira, faz as vezes de um criado mudo meu baú de memórias. Porque não abri-lo?
Resgatar memórias passadas, cartas antigas não é  viver daquilo? Do passado? Elas balançam meu coração inconstante. Os desenhos dedicados, a música de Roberto pra mim.
Lembranças apenas. Não movem estes dias.
“língua de cobra”
“mais um sábado perdido”
Será de fato a medida de amar, amar sem medida. Se assim for, o que faço com estes números? Onde guardo as noites mal dormidas?

E se ainda houver amor.

Démodé

     Meses atrás, perguntei a um amigo se eu havia tomado o caminho certo em minha vida. Havia saido de um emprego "miserável" por tantos angulos - mas que me dava um certo suporte financeiro - havia desistido da faculdade que comecei a fazer já aos quase "30" - mas distante do sonho que eu podia chamar de meu.
    - Não seria mais fácil ter feito como algumas colegas de classe do curso técnico que fiz quando tinha apenas 20 e ir direto para a faculdade? Deveria mesmo ter hesitado em seguir os passos que qualquer gestor de recursos humanos diria serem os certos para uma carreira brilhante?

E esse amigo me disse:

- " Não olhe para as pessoas que já estão realizadas, elas tinham sonhos simples. Vc ainda não realizou os teus, porq são maiores, mais especiais..."
    Dias atrás, li um dos textos que havia escrito para uma amiga. E enquanto lia, desconfortável com o que eu mesma havia dito naquelas palavras, e com receio de ser repreendida por ela, tentei colocar um certo "riso" naquilo tudo.
    Surpresa minha, quando acabei ela estava completamente entusiasmada com o que tinha ouvido, dizendo que eu deveria publicar. Enquanto eu tentava explicar todo o meu texto, pensando que houvesse algo a ser explicado, que ela poderia achar que eu tinha sido um tanto quanto agressiva no assunto do qual falava, fui interrompida:
   
- " Você tem que publicar... gostei muito do seu texto, do jeito como escreveu".
   Tá tão fora de moda agradecer aos amigos por qualquer coisa. Em geral dizemos "valeu" e tudo fica de boa. rsrsrs
   Acho que com o passar do tempo, a gente vai reestabelecendo uma boa relação com tudo que um dia pareceu tão cafona - e que provavelmente, ainda seja.
  Vocês sabem quem vocês são. Sabem que estou falando de vocês e de uma parte de tantas conversas loucas que temos. E não importa que ninguém leia nada do que eu venha escrever, ou que alguém não goste. Vocês sabem que eu não mudaria uma vírgula de qualquer coisa por conta de suas opniões e ainda assim, me impulsionam a seguir em frente. E eu vou ficando grande com vocês, vivendo junto tantas coisas, fortificando essa relação que é minha parceira há tanto tempo. Eu não preciso de títulos para estar com vocês... eu não preciso ser sucesso no mundo, vocês não me exigem isso. Vocês me desejam apenas, que eu tenha sucesso na minha existencia, na minha vida, na minha batalha pessoal.



Muito obrigada J., A., e G., este sonho seria incompleto sem a vibração de vocês.