segunda-feira, 25 de abril de 2011

Metade - uma prece

Quando eu era mais nova, em minha adolescencia, adorava brincar de inventar poesias em cima daquelas que eram minhas favoritas, de autores que gostava.
Abaixo, uma destas brincadeiras.


Que o sentimento do mundo corra em minhas veias e sopre em minh'alma
porque metade de mim é razão e a outra metade palpita em meu ser

Que tudo que seja efemero morra a cada dia
o que sobrar disso eu levo pelo infinito
porque metade de mim é ilusão e a outra metade - que seja - Deus

Que aquilo que é simples seja ao menos perfeito e o que for complicado se desfaça
porque metade de mim - minhas mãos -
E a outra metade toda vontade de sonhar

Que o amanhecer traga consigo a razão de um novo dia
O entardecer a certeza e que vivo
porque metade de mim é luz e a outra metade esperança

Que eu não crie dentro de mim espaços
que crie portas porque metade de mim é o que eu sou e a outra metade é projeção
do que quero ser

Que eu não seja este hoje
suspirando por ontem
desejando o amanhã
porque metade de mim e presente e a outra metade sem limite no tempo

Que eu não diga: o mundo é belo e a vida rápida
porque metade de mim é o que não vejo e  a outra metade limitações

Que na vida eu trave cada bom combate sem limites de tempo ou idade
porque metade de mim é mistério e a outra metade milagre

E por fim que eu viva com entusiasmo cada dia
Me deslumbre diante das imagens, paisagens, passagens
Sinta alegria por minhas batalhas
porque metade de mim é o que disseram ser 
a outra metade, uma velha amiga

E por início - como tudo tem de ter -
que eu não seja uma oração que tarda
porque metade de mim é caminho e a a outra metade se faz ao andar 

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